Ide, pois, ensinai todas as gentes
Agora
queremos meditar um pouco sobre as palavras de despedida que Nosso
Senhor dirigiu aos apóstolos, antes de Sua gloriosa Ascensão aos Céus: «Todo
o poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as
gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei. Eu estarei
convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28,19-20). Essas
palavras de Jesus são muito especiais, porque constituem o último
recado que Ele deu aos Seus discípulos antes de ascender à direita do
Pai. Geralmente, os últimos recados que damos quando partimos se referem
às coisas que mais nos importam.
Essas palavras abrem-se com uma declaração da realeza universal de Jesus Cristo: «Todo o poder me foi dado no céu e na terra».
Tal como no Apocalipse, aqui o Senhor Jesus se apresenta como «o Santo e
o Verdadeiro, que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, que
fecha e ninguém abre» (Ap 3,7). Essa declaração nos deve encher de
confiança: se as coisas parecem confusas, se o mal parece vencer,
podemos nos manter serenos na esperança, pois Jesus está no controle de
tudo e, no final, veremos Sua vitória contra nossos inimigos
O segundo recado contido nessas palavras de Jesus é sobre o mandamento de ensinar o Evangelho a todas as gentes: «Ide,
pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos
mandei». Talvez seja difícil para nós perceber isso, mas esse
pedido de Cristo teve consequências extraordinárias e pareceu insólito
para os homens da época. Nunca antes alguém havia proposto algo tão
arrojado. Até onde sabemos, esta foi a primeira vez que, na história da
humanidade, alguém disse existir algo que deveria ser levado a todas as
pessoas em toda a Terra, sem distinção alguma, independentemente de
sexo, raça ou condição social, estivessem ou não essas pessoas
preparadas para receber esse bem – «Deus não faz acepção de pessoas» (At
10,34). Essa foi a primeira vez na história humana em que foi enunciada
a existência de algo a que todos os homens têm direito.
A partir desse reconhecimento do direito de todos ao Evangelho,
foi-se tomando consciência de que existem outros bens a que todos
também têm direito. Esse foi o ponto inicial que permitiu a compreensão
de que também a liberdade, a educação e a saúde, por exemplo, deveriam
estar à disposição de todos.
Quando
um cristão anuncia o Evangelho, ele não o faz como quem faz um favor,
mas como quem entrega a outrem algo que lhe pertence, que é seu direito.
De modo que, se acaso sonegasse aos homens o Evangelho, julgaria haver
cometetido uma injustiça: «Ai de mim, se eu não evangelizar» (I Cor
9,16).
Por
final, o terceiro recado da mensagem visa novamente reforçar nossa
confiança no auxílio e na presença do Cristo: «Eu estarei convosco todos
os dias, até ao fim do mundo». Jesus continua presente na Igreja pela
fé e especialmente pela Eucaristia.
Celebremos,
pois, nesse espírito a Ascensão do Senhor, meditando com especial
atenção esses últimos recados que Jesus, antes de partir, deixou a Seus
discípulos!
Rodrigo R. Pedroso
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