Dedicação à Igreja
O Papa Bento XVI deixa um legado extraordinário à Igreja e ao mundo; uma vida inteira dedicada a ela com todo ardor, humildade e zelo apostólico. Desde padre jovem, participou do Concílio Vaticano II (1963-1965) como assessor teológico de seu bispo. Depois, viveu intensamente sua vida na Alemanha como bispo e cardeal. Foi eleito como um dos únicos sacerdotes da Academia de Ciências do Vaticano.
O Papa Bento XVI deixa um legado extraordinário à Igreja e ao mundo; uma vida inteira dedicada a ela com todo ardor, humildade e zelo apostólico. Desde padre jovem, participou do Concílio Vaticano II (1963-1965) como assessor teológico de seu bispo. Depois, viveu intensamente sua vida na Alemanha como bispo e cardeal. Foi eleito como um dos únicos sacerdotes da Academia de Ciências do Vaticano.
Durante 25 anos, foi Prefeito da “Sagrada Congregação da Doutrina da Fé”
do Vaticano, braço direito do Papa João Paulo II, seu grande amigo.
Nessa função, teve de enfrentar as heresias modernas de uma teologia da
libertação marxista, empolgada com uma falsa “igreja popular” que nasce
do povo e não de Deus e de Seu Filho Jesus. Com firmeza, o então cardeal
Ratzinger teve de enfrentar as injustas e maldosas críticas dos falsos
profetas apoiados pela mídia secular. Foi obrigado a punir teólogos
desviados da “sã doutrina” como Leonardo Boff e Jon Sobrino, estrelas da
TL.
Ele foi um profeta que sempre falou de Deus com a fidelidade e a coragem
dos grandes personagens bíblicos. Não teve medo de enfrentar e
continuar os erros da teologia da libertação marxista, pedindo aos
bispos do Brasil, em 05/10/2010, que a eliminassem de suas dioceses
tendo em vista o seu grande perigo para a Igreja e para a fé do povo.
Disse: “As suas sequelas, mais ou menos visíveis, feitas de rebelião,
divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas
vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças
vivas.”
O Conclave que
o elegeu Papa foi rapidíssimo; os cardeais eleitores entenderam com
clareza que não havia outro gigante à altura de substituir João Paulo II
no comando da Barca de Pedro.
Logo que assumiu o pontificado, iniciou sua luta contra o que chamou de
“ditadura do relativismo”, a qual nega toda verdade e ensina que cada um
faz a sua, algo que destrói a família e a sociedade. O Papa é o
paladino e arauto da verdade que salva (cf. Catecismo §851). Ele mostrou
que o relativismo “mortifica a razão, porque ensina que o ser humano
não pode conhecer nada com certeza além do campo científico positivo”.
Bento XVI, de maneira afável, humilde e reservada, com palavras
moderadas e profundas, fez um trabalho apostólico fundamental superando
as declarações desviadas dos que “querem uma Igreja desestruturada e que
pregam uma teologia libertária, bem longe da verdadeira libertação
preconizada na Bíblia”, como disse o Cônego José Vidigal.
Aos bispos que ordenou, no último dia dos reis magos, ele deixou claro
que a Igreja não vai mudar só para agradar. “A aprovação da sabedoria
predominante não é o critério a que nos submetemos. Por isso, a coragem
de contrariar a mentalidade prevalecente é particularmente urgente para
um bispo. Ele deve ser corajoso.”
Bento XVI “é um dos maiores intelectuais do mundo contemporâneo e
tornou-se um dos mais notáveis Pontífices da História da Igreja”, disse o
Dr. Ives Gandra Martins.
O Papa deixa-nos três encíclicas fundamentais: Deus caritas est, Spes salvi e Caritas in veritate,
que precisam ser estudadas detalhadamente, porque apontam soluções
claras para os problemas do mundo moderno. Elas nos mostram o perfeito
conhecimento de todos os problemas da realidade mundial a partir do
homem, procurando salvar os verdadeiros valores da humanidade.
Bento XVI abriu um diálogo profundo com os intelectuais, especialmente
os ateus, com o Programa “Pátio dos Gentios”, levando o debate a eles
nas maiores universidades do mundo, buscando quebrar a mentira de que
entre a ciência e a fé haja uma dicotomia.
O Papa deixa-nos uma quantidade imensa de excelentes livros,
especialmente a série “Jesus de Nazaré”, escrita durante o pontificado,
mostrando a realidade histórica de Jesus e a coincidência do Cristo da
fé com o da História. Dr. Ives Gandra disse que “talvez tenha sido, em 2
mil anos de história da Igreja, o pontífice mais culto e o que mais
escreveu”.
Bento XVI foi um Papa corajoso; não teve medo de enfrentar as acusações
injustas que recebeu de ter sido omisso diante dos casos de pedofilia, e
agiu com energia para corrigir o problema. Não se curvou diante de
tantas blasfêmias contra ele, como a recente e deplorável peça de teatro
na PUC de São Paulo (Decapitando o Papa). Por outro lado, não se curvou
diante de um feminismo barulhento, também interno à Igreja, e de um
modernismo vazio que quis lhe impor a quebra do celibato sacerdotal, a
aceitação da ordenação de mulheres e outros erros.
Tal como um novo São Bento de Núrcia, Bento XVI deu início ao
reerguimento do Ocidente. O primeiro enfrentou os bárbaros com seus
monges cultos e santos espalhados em toda a Europa; o novo Bento
enfrentou os “novos bárbaros” que não saqueiam casas e cidades, mas
matam as almas e os valores e civilização cristã que tanta luta e sangue
custaram dos filhos da Igreja.
Bento XVI soube interpretar e defender o Concílio Vaticano II dos
ataques injustos que recebeu tanto dos ultraconservadores que quiseram
ver nele as causas dos problemas da Igreja e do mundo, bem como dos
avançadinhos ultramodernos que querem ver no Concílio um absurdo
“rompimento da Igreja com seu passado”. O Papa soube dar continuidade à
“Primavera da Igreja”, a qual o Concílio nos trouxe, como disse João
Paulo II. E agora nos deixa o “Ano da Fé” e a proposta de uma nova
evangelização.
Mesmo a renúncia de Bento XVI é um legado importante para a posteridade,
porque é um gesto de profunda humildade e desapego, corajoso, coerente e
fervoroso. Um ato de desprendimento das coisas terrenas, num tempo em
que todos se apegam ao poder para se promover, para fazer valer a sua
vontade etc. Penso que essa decisão histórica do Papa fará com que
outros tenham a mesma coragem de repetir o seu gesto quando isso for
necessário.
Professor Felipe Aquino
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